Você já passou pela situação de esquecer onde deixou as chaves ou de não se lembrar do nome de alguém que acabou de conhecer? Pois é, todos nós já estivemos lá.
Isso pode parecer um problema, mas e se eu te dissesse que esquecer faz parte de um mecanismo essencial do nosso cérebro?
A memória é uma das funções cognitivas mais fascinantes e essenciais para a vida humana. Com base em descobertas científicas sobre a memória e o esquecimento, podemos entender melhor como nosso cérebro armazena e descarta informações.
Neste conteúdo exploraremos técnicas eficazes para melhorar a retenção do aprendizado e garantir que as informações mais importantes permaneçam acessíveis quando precisarmos delas.
Neste Post…
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O Papel do Esquecimento no Aprendizado
A ideia de que esquecer é algo ruim faz parte do senso comum. No entanto, estudos recentes apontam que o esquecimento é um processo ativo e necessário para o funcionamento saudável do cérebro.
Um artigo publicado na Nature explica que o esquecimento nos ajuda a priorizar informações relevantes e a nos adaptarmos a novos ambientes. Ou seja, longe de ser um problema, ele é uma característica essencial do nosso sistema cognitivo.
Nosso cérebro recebe um fluxo massivo de informações diariamente, e seria impossível reter tudo o que vemos, ouvimos e experimentamos. O esquecimento funciona como um mecanismo de filtragem, permitindo que retenhamos apenas aquilo que tem maior valor para nossa sobrevivência e desenvolvimento.
Além disso, um estudo publicado na Mindful sugere que esquecer pode até mesmo nos ajudar a tomar decisões mais eficazes. A remoção de informações irrelevantes nos permite focar melhor no que é importante, reduzindo o excesso de dados desnecessários que podem nos sobrecarregar cognitivamente.
Como o Cérebro Esquece?
Esquecer não é simplesmente perder informações; é um processo ativo. Existem diferentes explicações para o esquecimento:
- Desuso: Quando foi a última vez que você estudou algo e, dias depois, parecia que nunca tinha visto aquele conteúdo antes? Informações que não são usadas com frequência tendem a desaparecer. Isso se deve à chamada “curva do esquecimento”, conceito introduzido pelo psicólogo Hermann Ebbinghaus no século XIX.
- Interferência: Quando aprendemos algo novo, esse novo conhecimento pode interferir nas memórias já existentes, dificultando a recuperação de informações antigas.
- Falha na recuperação: Às vezes, uma memória não é completamente apagada, mas temos dificuldade de acessá-la no momento desejado. Isso pode ocorrer devido a falta de pistas contextuais que ajudariam na recordação.
- Esquecimento intencional: O cérebro também pode esquecer ativamente certas informações como um mecanismo de defesa, especialmente em casos de memórias traumáticas.
O Papel do Sono na Memória e no Esquecimento
Pesquisas indicam que o sono desempenha um papel crucial na consolidação da memória e no processo de esquecimento.
Durante o sono profundo e a fase REM, o cérebro organiza e processa informações do dia, fortalecendo memórias importantes e eliminando aquelas que não são mais úteis.
Um estudo publicado na Science revelou que, durante o sono, ocorre um processo de “poda sináptica”, no qual conexões neuronais são refinadas, permitindo que as memórias mais relevantes sejam preservadas.
Isso reforça a importância de uma boa noite de sono para o aprendizado e a retenção de informações.
Estratégias para Melhorar a Retenção do Aprendizado
Embora o esquecimento seja um processo natural e benéfico, existem várias estratégias que podemos adotar para melhorar a retenção de informações e otimizar nosso aprendizado.
Confira a seguir 8 técnicas para turbinar sua memória:
1. A Técnica 2-7-30
De acordo com um artigo publicado no Medium, a técnica 2-7-30 pode ajudar a reter até 90% do que aprendemos. O método funciona da seguinte forma:
- Após aprender algo novo, revise a informação dentro de 2 dias.
- Faça uma nova revisão após 7 dias.
- Revise novamente após 30 dias.
Esse espaçamento das revisões combate a curva do esquecimento e reforça a memória de longo prazo.
📌 Ferramentas úteis:
- Anki – Aplicativo de flashcards com repetição espaçada.
- Quizlet – Plataforma com quizzes e flashcards interativos.
2. Repetição Espaçada
A revisão espaçada é uma técnica baseada na ideia de que revisar informações em intervalos crescentes ajuda a fortalecer a memória. Em vez de revisar tudo de uma vez, distribua seus estudos ao longo do tempo.
📌 Ferramentas úteis:
- Brainscape – Flashcards inteligentes.
- RemNote – Combina anotações com repetição espaçada.
3. Ensinar Alguém
O Método Feynman sugere que ensinar algo a outra pessoa é uma das formas mais eficazes de consolidar o aprendizado. Ao tentar explicar um conceito com suas próprias palavras, você identifica lacunas no seu conhecimento e reforça a compreensão.
4. Uso de Mapas Mentais
Criar mapas mentais ajuda a organizar informações de forma visual e estabelecer conexões entre diferentes conceitos. Esse método é especialmente útil para aprender temas complexos e interconectados.
📌 Ferramentas úteis:
- MindMeister – Para criar mapas mentais interativos.
- Miro – Plataforma visual para organizar ideias e conceitos.
5. Técnica de Recuperação Ativa
Em vez de apenas reler um material, tente lembrar-se dele sem olhar. Faça perguntas a si mesmo e tente responder antes de conferir a resposta. Esse processo ativa a memória e melhora a retenção.
📌 Ferramentas úteis:
- Notion – Para organizar informações e criar resumos interativos.
6. Uso de Associações Visuais e Mnemônicos
Criar imagens mentais ou associar informações a histórias e padrões facilita a memorização. Mnemônicos são especialmente úteis para lembrar listas e sequências.
Para entender melhor o que seria um Mnemônico, vamos a um exemplo:
Para lembrar a ordem que os planetas ocupam no sistema solar, utilize a seguinte frase: Minha Vó Tem Muitas Joias, Só Usa No Pescoço. Cada uma das letras faz referência a um planeta (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão).
7. Aprendizagem Multissensorial
Utilizar diferentes sentidos no aprendizado, como ouvir, escrever e visualizar, pode fortalecer a retenção da informação. A combinação de estímulos sensoriais cria mais conexões neurais, facilitando o acesso às memórias.
📌 Ferramentas úteis:
8. Manter um Ambiente Propício ao Aprendizado
Distrações podem prejudicar a formação de memórias duradouras. Criar um ambiente tranquilo e organizado para o estudo pode ajudar a aumentar a concentração e a absorção de informações.
Conclusão
O esquecimento é um processo natural e essencial para a adaptação e o aprendizado. Em vez de tentar lutar contra ele, podemos adotar estratégias eficazes para melhorar a retenção de informações e garantir que o aprendizado seja mais duradouro.
Métodos como a técnica 2-7-30, a repetição espaçada, o ensino ativo e o uso de associações visuais são formas comprovadas de fortalecer a memória.
Além disso, garantir um sono de qualidade e manter um ambiente propício ao aprendizado são fatores que impactam diretamente na nossa capacidade de reter conhecimento.
Agora que você conhece essas técnicas, qual delas vai testar primeiro? Deixe seu comentário e me conte qual foi sua experiência! 😊
Referências:
https://www.nature.com/articles/d41586-019-02211-5
https://www.mindful.org/why-our-brains-are-designed-to-forget