Você já se sentiu culpada(o) por largar um livro no meio? E se eu te dissesse que isso pode ser uma decisão inteligente, e não um fracasso?
Se você já se pegou olhando para um livro e pensando “não dá mais”, saiba que não está sozinha(o). A gente investe tempo, começa animada(o), mas, às vezes, a leitura simplesmente não flui.
Seja pela narrativa arrastada, pelo estilo de escrita ou pela simples falta de empolgação, a ideia de abandonar a leitura carrega uma mistura de sentimentos.
O que fazer? Seguir adiante ou deixar para lá?
É um mix de frustração, culpa e aquela curiosidade insistente: “será que estou deixando passar algo incrível por não continuar?”.
Mas e se a gente ressignificasse essa ideia? Será que desistir de um livro é realmente um problema? Será que isso significa perder algo ou, na verdade, estar ganhando mais espaço para livros que realmente nos cativam?
Neste post…
🎙️ Caso prefira ouvir este conteúdo:
O que sentimos ao pensar em desistir?
A decisão de abandonar um livro não acontece de forma neutra. Pelo contrário, ela carrega uma carga emocional significativa. A frustração vem da sensação de que investimos tempo sem alcançar um retorno satisfatório.
A culpa aparece porque acreditamos que deveríamos terminar tudo o que começamos. E a curiosidade? Ela nos instiga com a dúvida: “Será que estou perdendo algo incrível nas próximas páginas?”
Além disso, há uma certa impaciência — um desejo quase secreto de que o livro pudesse se “auto-resumir” para nos entregar apenas o essencial, sem que precisássemos passar por páginas e mais páginas de um conteúdo que já não nos envolve mais.
Mas e quando esse dilema acontece na prática?
Um exemplo de desapego literário
Recentemente, passei exatamente por essa experiência ao ler O Método Switch, de Elaine Fox. O livro propõe quatro pilares e traz exercícios ao longo dos capítulos, algo que me engajou bastante no início. Eu lia com um lápis na mão, anotava, colava post-its e dobrava páginas para voltar depois.
Porém, conforme avançava, percebi que o livro já havia me entregado o que eu precisava. Cheguei ao terceiro pilar e, em vez de sentir empolgação para continuar, comecei a me arrastar pela leitura.
Foi aí que percebi: insistir não faria sentido. Preferi parar e guardar os aprendizados que já tinha extraído. E quer saber? Ainda pretendo escrever sobre eles!
O que poderia ter sido um motivo de frustração virou um sinal de autoconhecimento: eu já havia absorvido o suficiente e estava pronta para seguir para outras leituras.
Por que a vontade de desistir bate?
Existem vários motivos que levam alguém a interromper uma leitura, mas alguns são campeões:
- O livro não vai direto ao ponto: muitas explicações, poucos insights. Para quem curte algo mais objetivo ou técnico, isso pode ser um verdadeiro teste de paciência.
- A escrita não prende: às vezes, mesmo que o tema seja interessante, a forma como o conteúdo é apresentado pode não ser envolvente para o leitor. E tá tudo bem.
- O conteúdo não empolga mais: às vezes, um livro começa interessante, mas depois perde a graça. E a gente fica ali, insistindo, quando podia estar lendo algo mais instigante.
- A pressão interna de terminar: muitas vezes, a obrigação de finalizar um livro não vem de fatores externos, mas de nós mesmos. Vem aquela voz na cabeça dizendo que abandonar um livro é sinônimo de fracasso. Spoiler: não é.
O dilema: obrigação ou liberdade?
A relação com um livro inacabado pode ser conflitante.
Algumas leituras, quando abandonadas, trazem alívio imediato. Outras, no entanto, deixam uma sensação incômoda de tarefa incompleta.
A ideia de “cheguei até aqui e agora vou desistir?” pode se transformar em procrastinação, mantendo o livro na estante como um lembrete silencioso de que algo ficou pendente.
Mas será que precisamos mesmo nos obrigar a terminar cada livro que começamos?
Se já absorvemos parte do conteúdo e percebemos que a leitura não nos acrescenta mais, por que seguir adiante apenas por um compromisso abstrato?
Como decidir se vale continuar?
Se a culpa e a frustração surgem ao pensar em abandonar um livro, algumas estratégias podem ajudar:
- Criar um “período de teste”: estipule um número de páginas antes de decidir se segue ou não. Se até ali o livro não engajou, talvez seja hora de partir para outro.
- Busque resumos e resenhas: se a preocupação for perder algum insight importante, um resumo pode salvar o essencial.
- Reavalie se é o momento certo para esse livro: nem sempre o problema é o livro, mas sim o nosso estado de espírito. Deixar para um momento futuro pode ser uma boa saída.
- Aceitar que desistir é uma escolha válida: nem toda leitura precisa ser finalizada. Se um livro não está agregando valor, seguir em frente pode ser a melhor opção. Simples assim.
- Lembre-se de que a leitura deve ser prazerosa: ninguém lê por obrigação (a menos que seja para fins acadêmicos ou profissionais). Ou seja, ninguém está te cobrando um relatório no final, então, se não está funcionando, bola pra frente!
E além de decidir parar, que tal pensar no que fazer com esses livros?
O que fazer com livros inacabados?
Se você tem livros que não pretende retomar, algumas alternativas podem te ajudar a dar um destino melhor para eles, olha só:
- Guardar para um momento futuro: talvez a leitura faça mais sentido em outra fase da vida.
- Buscar adaptações: alguns livros funcionam melhor como audiobooks ou resumos mais curtos.
- Trocar em sebos: Prezando pela economia circular, que tal ir no sebo mais próximo e trocar o livro que já não te prende mais por algum novo (ou seminovo, no caso!) que seja mais interessante?
- Doar para alguém que pode gostar: o que não funcionou para você pode ser uma experiência incrível para outra pessoa. E você pode fazer isso de várias maneiras, por exemplo, deixando no banco do transporte público, “esquecendo” dentro do carro de aplicativo que você pegou da última vez, destinando em pontos de coleta em escolas públicas e, claro, pelo bom e velho contato pessoal ao entregar para alguém “ao vivo”.
Vou deixar uma inspiração de como as pessoas doam livros aqui onde eu moro:

Conclusão
Desistir de um livro pode ser encarado não como um fracasso, mas como um sinal de autoconhecimento, de que você está priorizando leituras que realmente fazem sentido para você. E isso é ótimo!
O importante é manter vivo o prazer de ler e entender que, assim como na vida, nem toda história precisa ser levada até o fim. Existem milhares de livros esperando para serem descobertos, e um deles pode ser exatamente o que você precisa agora.
Então, sem culpa: leia o que faz sentido e, se não estiver fluindo, siga em frente. 😉📚
E você, já abandonou um livro sem culpa? Me conta nos comentários qual foi a sua experiência!
