Uma pergunta que eu recebo com frequência é sobre como eu fiz para migrar para a área de Enablement (e seguir me aprofundando no mundo da Educação Corporativa dentro do universo de T&D). Eu adoro ter essas conversas sobre carreira e, claro, sempre topo esse tipo de 1-1 de Desenvolvimento!
Sempre começo a conversa retrucando a pergunta: “Tá, mas antes de eu te contar como foi o processo para mim, o que te motivou a ter essa conversa comigo hoje?”.
As respostas variam, desde pessoas que estão apenas num processo de Discovery sobre carreira, no sentido de olhar o que eu fiz e ver se também vai “colar” para elas. E há aquelas respostas de pessoas que de fato já “fizeram a lição de casa” e estão mais intencionais nessa movimentação de carreira.
Geralmente, para o primeiro grupo, a condução da conversa leva a um lugar de conclusão de que “talvez Enablement não seja para mim”. Já para o segundo grupo é quase que um processo epifânico de “achei meu propósito de carreira” (luz brilhante e vozes angelicais ecoando ao fundo ✨).
Independente de qual grupo você esteja, a seguir eu te proponho um caminho para você fazer esse mapeamento e entender se a área de Enablement faz sentido para o seu próximo passo de carreira (e ah, caso queira falar mais sobre isso, deixa nos comentários que a gente continua essa conversa!).
Nesse Post…
🎙️ Caso prefira ouvir este conteúdo:
O Caminho da Descoberta
1. Primeiro de tudo: o que te motivou a querer essa movimentação?
Olhar para dentro de si e se questionar de onde veio essa vontade de migrar para uma área de Enablement é um ótimo começo. O que você fez ou viu alguém fazendo que te fez se questionar sobre essa mudança de atuação?
Isso te ajuda a, de fato, criar uma lista de coisas práticas que você vê valor em fazer ou aprender mais (e pode inclusive te ajudar a dar mais propósito na sua atividade atual mesmo, enquanto a migração para a nova área não acontece).
2. Entender o que é a área, o que ela faz, quais os principais indicadores
Legal, você fez uma reflexão interna e sabe os pontos que, a princípio, se encaixam com essa movimentação para a área de Enablement.
Agora é importante ver se ‘as coisas batem’, porque vai que o que você ACHA que é o que Enablement faz, na verdade, não tem nada a ver? Neste momento é relevante que você elenque as principais dúvidas e curiosidades que você possa ter sobre esse novo universo.
Uma vez feito isso, busque benchmarkings internos aí mesmo onde você trabalha (caso Enablement exista na sua empresa) ou busque pessoas no mercado (o Linkedin é uma ótima fonte!) para trocar essa ideia. Nesta conversa, explore mais sobre a área para entender como ela se divide, quais são os principais entregáveis no dia-a-dia, os principais indicadores, processos, etc.
E benchmarking é apenas uma das formas de fazer isso! Obviamente você pode buscar vídeos, livros, podcasts, comunidades e o que mais achar válido. Você pode inclusive buscar por conteúdos mais nichados como “Customer Success Enablement” ou “Sales Enablement”, focando compreender como essas disciplinas ajudam os times a serem mais eficientes e a atingirem melhores resultados.
Também é super válido estudar um pouco mais alguns ‘fundamentos teóricos’, por assim dizer, sobre a área de Enablement. Temas como Design Instrucional, Andragogia e ferramentas de LMS podem trazer bastante “luz” quanto ao escopo de atuação desta nova área que você está buscando.
#ficadica: Deixo aqui uma indicação de livro sobre Design Instrucional da Andrea Filatro, referência neste tema!
3. Aplique o que descobriu no seu trabalho atual
De nada adianta adquirir todo este conhecimento teórico se você não o aplica na prática, concorda? Isso é algo que eu relato naquelas conversas que mencionei no início.
Quando tive certeza de que Educação Corporativa era a “minha praia”, eu comecei a visualizar onde eu já poderia aplicar mais esta abordagem educacional na minha antiga função. Na época eu atuava como Analista de Customer Success em uma empresa de software para times de Marketing e Vendas.
Liderar sessões de role play com os times de CS era uma atividade recorrente na área, então lá estava eu, pronta para organizar as sessões que a galera iria participar.
Sempre quando entrava alguém novo na área, uma “Pessoa Sombra” era recrutada, para acompanhar o(a) novo(a) colaborador(a), auxiliar nos processos iniciais, explicar a dinâmica dos times, ensinar sobre melhores práticas para condução de reuniões, tirar dúvidas de playbooks…adivinha? Eu também me voluntariava!
Durante as reuniões com os clientes, eu tinha a boa e velha abordagem de “não dê o peixe, ensine a pescar”. Ou seja, eu mantinha o olhar atento de quais pontos aquelas pessoas ainda não haviam aprendido e, caso o fizessem, o uso da ferramenta seria muito mais estratégico, afinal não seriam meras “apertadoras de botão”, e sim rodariam uma estratégia de Marketing e Vendas muito mais coesa (e, consequentemente, seguiria fazendo sentido investirem verba no uso do software em questão).
Esses são exemplos de quem veio da área de CS, mas eu tenho certeza de que aí na sua área atual também existem oportunidades, quer ver?
Tem alguma habilidade que o seu time “sofre” em desempenhar? Que tal se você pensar em um mini treinamento para ajudar a galera a desenrolar isso (caso você já esteja mandando bem neste ponto)? Você é mestre em planilhas? Forneça seus templates para agilizar a vida dos seus pares que podem não ser tão interessados nesta parte – e o time todo sai ganhando!
4. Construa Networking
Esta parte, em teoria, você já começou a fazer se realizou o ponto 1 desta lista. Ao puxar benchmarkings (internos ou externos) você já está construindo sua rede de relacionamentos focada na transição para Enablement.
Ainda no ponto 1 falamos sobre buscar por comunidades, esta também é uma excelente forma de construir networking. Obviamente você deve ser um(a) participante ativo(a) destas comunidades ou fóruns, interagindo e engajando nos tópicos debatidos.
Um terceiro caminho aqui é participar de eventos, como webinars, meetups e conferências sobre Enablement e até mesmo T&D.
➡️ Aliás, você sabe a diferença entre essas duas áreas? Confere aqui! 👇
5. Defina sua estratégia de transição
Se depois de percorrer todo esse caminho você não definir uma estratégia de transição, meio que “morremos na praia”, né? Ou você viu que Enablement não é tão interessante quanto você achava que era lá no início – e tá tudo bem também! Afinal, saber o que NÃO queremos para nossas carreiras é tão importante quanto o oposto disso.
Mas para nos mantermos fiéis ao título deste post, vamos ao que interessa. Neste momento é interessante que você atualize seu Linkedin, mostrando resultados relevantes que conectam sua experiência atual ao Enablement.
Uma outra boa prática é solicitar feedbacks. Peça para colegas validarem sua atuação em treinamentos ou projetos internos (lembra dos exemplos do ponto 3?)
Por fim, mas de longe o menos importante, comunique sua liderança sobre sua intenção de carreira! Ela deve ser um de seus principais aliados neste momento, direcionando sua atuação no time com base nessas novas habilidades que você já quer implementar para se aproximar da nova área que almeja e direcionando para oportunidades internas de transição.
Conclusão
Seja qual for o momento da sua jornada, o mais importante é manter-se em movimento. A transição para Enablement exige curiosidade, proatividade e disposição para aprender e aplicar novos conhecimentos. É um processo que envolve descobrir mais sobre a área, conectar-se com outras pessoas e, principalmente, trazer impacto real no seu trabalho atual.
Lembre-se: cada pequeno passo conta, e a construção dessa nova carreira começa com as oportunidades que você cria para si mesma. Então, que tal começar agora? Reflita, mapeie suas motivações, faça benchmarks, aplique o que você já aprendeu, e não deixe de compartilhar comigo (ou com sua rede) o que você está descobrindo ao longo do caminho! Afinal, essa jornada pode ser desafiadora, mas também é profundamente recompensadora. 🚀
